Um discurso sobre ciência, religião e liberdade no Segundo Reinado
A Alma e o Cérebro, de Gonçalves de Magalhães
Palavras-chave:
segundo império, romantismo, positivismo, evolucionismoResumo
É conhecido que o movimento romântico no Brasil e a consolidação do Estado imperial durante o Segundo Reinado tiveram estreitas relações. Domingos José Gonçalves de Magalhães foi um dos maiores representantes desse movimento e, ao mesmo tempo, um dos letrados de maior prestígio de sua época, que lidou com os aspectos gerais daquela sociedade, tanto na participação nos debates sobre os valores morais e formas de conhecimento nela criados, quanto na contribuição ativa em um projeto cultural para o Império. Com este artigo visa-se a realizar um estudo de caso, por meio de um trabalho sobre fisiologia e psicologia de Gonçalves de Magalhães, em defesa da liberdade da “alma”, frente ao conhecimento do homem por meio do sensualismo e do materialismo. A Alma e o Cérebro – escrito por Gonçalves de Magalhães em 1876, no período de avanço das teorias positivistas e evolucionistas – teria uma recepção negativa da “nova geração” que já tecia críticas não só aos cânones científicos e filosóficos do Império, como à ordem escravista como um todo. Considerado por tais críticos como “pseudocientífico” e representante da corrente eclética da filosofia da primeira metade do século XIX, o estudo de Magalhães fornece, entretanto, elementos para refletir as relações que estabelecia entre filosofia, religião, ciência e a moral que regiam sua visão sobre a sociedade imperial e sua atividade como letrado.