Histórias de Sensibilidades
Espaços e Narrativas da Loucura em Três Tempos (Brasil, 1905/ 1920/1937)
Palavras-chave:
história da psiquiatria, loucura, sensibilidades, república, literaturaResumo
Tendo como tema a loucura, como objeto textos literários e como problema a questão da sensibilidade, a realização desta tese envolveu um exercício interdisciplinar e teve o intuito de perceber a forma pela qual a literatura e, mais especificamente, os escritos de si – ou escritos auto-referenciais –, são reveladores de sensibilidades sobre a loucura. Com isso, resgatou-se um pouco da história da psiquiatria no Brasil sob um outro ponto de vista: o do próprio paciente. Foram analisados três conjuntos de textos – romance, diário e cartas –, que versam sobre loucura e internações em hospícios. Revisitando a história da psiquiatria brasileira nas primeiras três décadas do século XX e cruzando com a vida e obra de três autores e de personagens da ficção, em que alguns escrevem seus textos durante hospitalização em manicômio, descortinam-se nuanças na sensibilidade fina desses escritores relativas à noção de loucura que imperava. Esses textos, fontes primárias da pesquisa, são os seguintes: o romance simbolista de Rocha Pombo No Hospício, publicado em 1905, no Rio de Janeiro; o Diário do Hospício de Lima Barreto, inserido na edição de sua obra (romance) inacabada Cemitério dosVivos, que relata suas memórias e reflexões durante uma internação no Hospício Nacional de Alienados do Rio de Janeiro, em janeiro e fevereiro de 1920; e as 12 cartas de TR (TR são suas iniciais), um paciente internado no Hospital Psiquiátrico São Pedro de Porto Alegre (Rio Grande do Sul), em 1937, as quais foram denominadas Cartas de Hospício.