Atividades Científicas na “Bela e Bárbara” Capitania de São Paulo (1796-1823)
Keywords:
Natural history, Portuguese America, practice of science, historiografyAbstract
Em 1796, o ministro da Marinha e Ultramar do governo mariano, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, elaborou um programa político-reformista para a modernização da administração do Império Português, de modo a assegurar o Brasil e, sobretudo, salvar a Monarquia Portuguesa. Entre as medidas tomadas pelo ministro, estava o estudo das “produções naturais” coloniais, uma vez que as considerava como fontes de riquezas para a promoção do desenvolvimento da nação portuguesa. Para o mapeamento, exploração e análise do mundo natural das colônias, D. Rodrigo se aliou aos naturalistas, contratados em diversas regiões da América Portuguesa. Na Capitania de São Paulo, os estudiosos arregimentados foram: João Manso Pereira, Martim Francisco Ribeiro de Andrada, e José Bonifácio de Andrada e Silva. O objetivo central da tese de doutorado consistiu em analisar a contribuição da atividade científica praticada pelos mencionados naturalistas ilustrados, através de suas memórias e viagens científicas, para o processo de institucionalização das ciências naturais na América Portuguesa, em especial na referida capitania. Suas memórias em História Natural constituíram as principais fontes da pesquisa, sendo empregadas para a elucidação dos seguintes tópicos: 1) a concepção de ciência dos naturalistas, 2) sua postura teórico-metodológica, 3) suas apropriações das modernas teorias científicas e 4) suas aplicações ao seu contexto local. Tais textos foram analisados por meio do cruzamento com o contexto social em que foram concebidos, permitindo perceber a produção da ciência em seu ambiente local. Os resultados deste trabalho refutam a tese de que a América Portuguesa, em especial a Capitania de São Paulo, caracterizou-se por um vazio de práticas científicas no período compreendido entre o final do setecentos e o início do oitocentos.