Ciência e política durante a ditadura militar
o caso da comunidade brasileira de físicos (1964-1979
Palabras clave:
ciência e política, história da física, universidades brasilierasResumen
Traça-se, nesta dissertação, um mapeamento das perseguições sofridas pelos físicos brasileiros durante a ditadura militar, especialmente entre 1964 e 1979. Foram encarcerados, logo no primeiro ano do golpe, Mário Schenberg e José Leite Lopes. As perseguições políticas desarticularam um impor-tante grupo de físicos que se formava na Universidade de Brasília, sob a liderança de Roberto Salmeron e Jayme Tiomno. Os piores dias vieram após o Ato Institucional n. 5, em 1968. Com base no AI-5, em abril de 1969, vários pesquisadores, como Schenberg, Leite Lopes, Jayme Tiomno e Elisa Frota-Pessoa, foram aposentados compulsoriamente e expurgados das universidades em que trabalhavam. A experiência do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) quase foi destruída. Atenção especial é dedicada a um estudo de caso, o do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia (IFUFBa). Os órgãos de segurança presentes na estrutura da UFBa exerciam um forte controle ideológico das mais variadas atividades ocorridas no instituto. Entre as vítimas das perseguições, estão três professores: Roberto Argollo, Paulo Miranda e Delmiro Baqueiro. Contudo, o regime enfrentou não só resistência do diretor do Instituto, o professor Humberto Tanure, mas também da congregação de físicos e dos estudantes do IF. Assim, esse microcosmo das perseguições aos físicos na Bahia reproduziu várias das características da sociedade brasileira na ocasião. O IFUFBa foi duramente atingido durante a ditadura militar, mas também se tornou um centro de resistência contra as tendências autoritárias do regime militar.