O aperfeiçoamento do homem por meio da seleção
Miranda Azevedo e a divulgação do darwinismo no Brasil na década de 1870
Mots-clés :
darwinismo, medicina, históriaRésumé
Inúmeros autores são unânimes em considerar que a década de 1870 foi um momento marcante na história do Brasil, com relação à entrada de uma série de novas teorias propagadoras de idéias libe-ralistas, positivistas e evolucionistas. Uma das teorias que chegou ao país nesse período foi o darwinismo. A historiografia tem mostrado que muitos indivíduos e grupos sociais se apropriaram de diferentes maneiras da teoria da evolução biológica de Darwin em diversos lugares e épocas. No Brasil, entre aqueles que elegeram essa teoria como bandeira de suas campanhas, estava Augusto César de Miranda Azevedo, médico paulista, que viveu no Rio de Janeiro durante quase toda a década de 1870. Esse personagem ficou conhecido como um dos divulgadores do darwinismo no país. Dois textos publicados por Miranda Azevedo nos anos de 1875 e 1876, além de outros documentos, revelam uma apropriação muito particular do darwinismo feita pelo médico. Essa apropriação tem como um de seus elementos centrais a concepção de que certas modificações podem ser orientadas nos indivíduos para se obter perfis desejados de população. Quando relacionamos o discurso darwinista de Miranda Azevedo às suas atividades e ao momento de crises pelo qual o Brasil passava, podemos perceber certos fatores que influenciaram a apropriação da teoria da evolução biológica de Darwin pelo médico. A valorização de estímulos ambientais na produção e desenvolvimento de características nos indivíduos da população, e a conseqüente transmissão dessas características para os descendentes, poderiam ser concepções bastante adequadas para indivíduos ou grupos cuja preocupação era tentar produzir uma população capaz de fazer a nação progredir.