Descripçoens, memmórias, noticias e relações
administração e ciência na construção de um padrão textual iluminista sobre Moçambique na segunda metade do século XVIII
Palavras-chave:
império colonial português, iluminismo português, administração colonial, literatura de viagensResumo
Demonstrar as possibilidades de percepção de uma construção textual de Moçambique a partir da análise do discurso que informa os textos produzidos por funcionários, administradores coloniais, militares e intelectuais portugueses ao longo da segunda metade do século XVIII é o que se objetiva. Esses textos são entendidos como ‘literatura de viagens’, isto é, o conjunto de textos documentais ou literários que à viagem (por mar, terra ou percursos imaginários) vai buscar uma identificação especial. E não só à viagem enquanto deslocamento, percurso mais ou menos longo, mas também ao que, por ocasião da viagem, parece digno de ser registrado: a descrição da terra, dos usos e costumes de seus habitantes, das situações históricas e antropológicas que, por contraste com as origens dos viajantes (outra forma de deslocamento), forma um texto homogêneo e participa da mesma intencionalidade. Considerando tais textos como expressão de um “espírito de época” (no sentido que lhe confere J. Habermas), foi possível identificar as idéias-força elaboradas naquele contexto, percebendo as imagens e construções mentais referentes a Moçambique na segunda metade do século XVIII.