A desunificação metodológica da ciência e o relativismo epistemológico
Palavras-chave:
método científico, contextualização, relativismo epistemológico, racionalidade científicaResumo
Nos campos da filosofia, história e sociologia da ciência e tecnologia surgem propostas de análise do conhecimento científico, correspondentes às abordagens da nova filosofia da ciência, surgida por volta de 1950, da nova sociologia da ciência, em 1970, e, contemporaneamente, dos science studies. Essas propostas ressaltam o emprego da história e de fatores contextuais e sociais a esse tipo de investigação, agregando a tais elementos (sobretudo os science studies) significativa importância às questões tecnológicas. Segundo essas abordagens, o estabelecimento de um ideal estritamente lógico não corresponde à prática efetiva da ciência. Nessa perspectiva, o conhecimento científico passa a ser apreendido como estando condicionado a limites contextuais específicos, os quais implicam uma desunificação metodológica da ciência. Essa desunificação conduz a reflexões acerca do alcance do conhecimento então produzido. Isso, por sua vez, pode conduzir a questionamentos acerca da relativização do saber. A tese aqui apresentada é a de que a desunificação metodológica pode caracterizar um relativismo epistemológico. Defende-se que esse relativismo pode ser sustentado se for apresentado de forma moderada. Portanto, este trabalho visa, de um lado, ao estudo das implicações epistemológicas da desunificação metodológica e, de outro, ao estudo da expressão relativista que essa desunificação possa trazer ao empreendimento científico e sua racionalidade. Com isto são avaliados os limites de um possível relativismo epistemológico e os limites que este relativismo estipula ao conhecimento científico e sua expressão racional.