Impressos e mundo natural

interseções entre materialidade e visualidade na cultura científica do século XVIII

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v18i1.1073

Palavras-chave:

Filosofia Natural, representação, mediação

Resumo

O artigo reflete sobre a dimensão comunicativa das ciências no início do século XVIII. Analisa os princípios subjacentes à produção e recepção de impressos científicos, com base nos escritos de naturalistas como Levinus Vincent (1706; 1715) e Albertus Seba (1734-1764). Dedica atenção especial à análise de periódicos, com destaque para o Philosophical Transactions da Royal Society de Londres. Nesse contexto, examina as formas particulares de atuação e produção científica, com foco específico no suporte impresso. O estudo busca evidenciar como dispositivos técnicos, visuais e físicos – tanto em sua expressão textual quanto imagética – requerem estratégias retóricas particulares. Essas estratégias desempenham papel crucial na demarcação dos efeitos e significados gerados pelas formas materiais em questão. O enfoque recai sobre as interconexões entre precisão, observação e representação do mundo natural, destacando a relação intrínseca entre materialidade, visualidade e cultura impressa. Desse modo, o artigo delimita um esforço de análise das dimensões materiais e simbólicas dos inventários e periódicos filosóficos do século XVIII, ressaltando o papel central da literatura impressa na consolidação dos naturalistas como intelectuais-mediadores. Por fim, o estudo propõe uma reflexão sobre como as tecnologias comunicativas, inseridas em redes de sociabilidade e práticas culturais do período, transformam, de maneira simultânea, tanto o conhecimento quanto o sujeito conhecedor.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CHARTIER, R. O mundo como representação. Estudos Avançados, v. 11, n. 5, p. 173-191, 1991. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40141991000100010

CHARTIER, R. The order of books: readers, authors, and libraries in Europe between the fourteenth and eighteenth centuries. Stanford: Stanford University Press, 1994.

CHARTIER, R. Escutar os mortos com os olhos. Estudos Avançados, v. 24, n. 69, p. 6-30, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142010000200002

CHARTIER, R. La historia de la lectura en América Latina vista desde Francia. Magallánica: Revista de Historia Moderna, v. 1, n. 1, p. 26-33, 2014.

DASTON, L.; GALISON, P. Objectivity. New York: Zone Books, 2007.

DASTON, L.; PARK, K. Wonders and the order of nature, 1150-1750. New York: Zone Books, 1998.

EISENSTEIN, E.L. A revolução da cultura impressa: os primórdios da Europa Moderna. São Paulo: Ática, 1998.

EISENSTEIN, E.L. La invención de la imprenta y la difusión del conocimiento científico. In: ORDOÑEZ, J.; ELENA, A. (comps.). La ciencia y su publico: perspectivas históricas. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 1990. p.1-42.

EISENSTEIN, E.L. The printing press as an agent of change: communications and cultural transformations in early-modern Europe. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.

FINDLEN, P. Materials of natural history. In: JARDINE, N.; SECORD, J.A.; SPARY, E.C. (ed.). Worlds of natural history. Cambridge: Cambridge University Press, 2018. p. 151-169. DOI: https://doi.org/10.1017/9781108225229.010

FOUCAULT, M. The order of things: an archeology of the human sciences. New York: Vintage Books, 1973.

GOMES, A.C.; HANSEN, P.S. (orgs.). Intelectuais mediadores: práticas culturais e ação política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.

JORINK, E. Reading the book of nature in the Dutch golden age, 1575-1715. Leiden: Brill, 2010. DOI: https://doi.org/10.1163/ej.9789004186712.i-472

KOYRÉ, A. Do mundo fechado ao universo infinito. São Paulo: Edusp, 1957.

KUSUKAWA, S. Illustrating nature. In: FRASCA-SPADA, M.; JARDINE, N. (ed.). Books and the sciences in history. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 90-113.

METCALF, A.C. Go-betweens and the colonization of Brazil, 1500-1600. Austin: University of Texas Press, 2005.

NYHART, Lynn. Introduction: historiography of the history of science. In: LIGHTMAN, B. (ed.). A companion to the history of science. Chichester (UK): John Wiley, 2016. p. 1-22. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118620762.ch1

RAJ, K. Go-betweens, travelers, and cultural translators. In: LIGHTMAN, B. (ed.). A companion to the history of science. Chichester (UK): John Wiley, 2016. p. 39-57. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118620762.ch3

RICOEUR, P. Teoria da interpretação: o discurso e o excesso de significação. 7. ed. Porto: Porto Editora, 1995.

SECORD, J.A. Knowledge in transit. Isis, v. 95, n. 4, p. 654-672, 2004. DOI: https://doi.org/10.1086/430657

TOPHAM, J.R. Introduction. Focus: Historicizing “Popular Science”. Isis, v. 100, p.310-318, 2009. DOI: https://doi.org/10.1086/599551

WILDING, N. The printing press. In: LIGHTMAN, B. (ed.). A companion to the history of science. Chichester (UK): John Wiley, 2016. p. 344-357. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118620762.ch24

Fontes

SCHEUCHZER, J. J. Herbarium diluvianum. 1723. ETH-Bibliothek Zürich, Zurique. Disponível em: https://www.e-rara.ch/download/pdf/3006465.pdf. Acesso em: 2 jun. 2025.

SEBA, A. Locupletissimi rerum naturalium thesauri... 1734-1765. Zentralbibliothek Zürich, Zurique. Disponível em: https://doi.org/10.3931/e-rara-62553. Acesso em: 2 jun. 2025.

VINCENT, L. Wondertooneel der nature. 1706. Naturalis Biodiversity Center, Leiden. Disponível em: https://archive.org/details/Wondertooneelde00Vinc. Acesso em: 2 jun. 2025.

VINCENT, L. Het tweede deel of vervolg van het Wondertooneel der natuur... 1715. Universiteitsbibliotheek Gent, Gante. Disponível em: https://lib.ugent.be/catalog/bkt01:000240608. Acesso em: 2 jun. 2025.

VINCENT, L. Elenchus tabularum, pinacothecarum atque nonnullorum cimeliorum, in gazophylacio Levini Vincent. 1719. Wellcome Library, Londres. Disponível em: https://www.biodiversitylibrary.org/bibliography/159783. Acesso em: 2 jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.5962/bhl.title.68620

Downloads

Publicado

12-07-2025

Edição

Seção

Artigos