O problema do ethos científico no novo modo de produção da ciência contemporânea

Autores

  • Verusca Moss Simões dos Reis

Palavras-chave:

ethos científico, ciência “pós-acadêmica, John Michael Ziman, valores epistêmicos, Science Studies

Resumo

Este trabalho teve como objetivo central mostrar que as mudanças ocorridas no modo de produção da ciência contemporânea possuem implicações tanto para os aspectos sociológicos da ciência quanto para os seus princípios filosóficos. Estas ainda apontam para uma necessidade de uma análise da relação entre ciência e sociedade. Baseamos nossa tese no trabalho desenvolvido pelo físico e epistemólogo da ciência John Michael Ziman F. R. S. (1925- 2005), que defende que as mudanças ocorridas nos últimos 60 anos, relacionadas a uma nova forma de organizar, gerir e financiar a prática científica, i.e., a uma nova forma de prática científica, levaram ao surgimento de uma “ciência pós-acadêmica” ou “pós-industrial”. Sua consequência mais grave é a incorporação de um novo ethos científico, que tem como base princípios gerenciais, em detrimento do ethos mertoniano, cujo objetivo principal seria a manutenção de princípios que foram histórica e socialmente defendidos pelos cientistas em um ideal de ciência acadêmica, tais como os de objetividade, busca da verdade e autonomia, ainda que como ideais reguladores. Contudo, mostraremos que Ziman não adere à interpretação tradicional do ethos mertoniano, que o associa a uma epistemologia fundacionista. Além disso, ele reformula, seguindo as novas filosofia e sociologia da ciência, os ideais epistêmicos preconizados pelas tendências positivistas e neopositivistas, em especial a noção da objetividade. Para Ziman, a ciência ainda produz conhecimento confiável, pois possui um mecanismo cooperativo de produção que tem como base a crítica entre os pares.

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Publicado

03-12-2010

Edição

Seção

Dissertações