A medicina social nas plantations açucareiras

miasmas, segunda escravidão e reformas técnico-científicas (França, Saint-Domingue e Brasil, séc. XIX)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v16i1.827

Palavras-chave:

medicina social, miasmas, plantation, escravidão

Resumo

O artigo analisa a circulação de ideias da medicina dos miasmas no mundo dos engenhos entre a França, as Antilhas e o Brasil no século XIX. A escolha destes espaços justifica-se pela disseminação destes ideais operacionalizada pelo médico e agrônomo francês Jacques-François Dutrône La Couture (1749-1814) objetivando assim compreender os intercâmbios entre conhecimentos e saberes entre estas regiões. Ponderamos sobre a conexão entre conhecimentos ligados à medicina social com as sociabilidades nas plantations açucareiras, como a escravidão e os saberes tradicionais, conferindo às práticas da medicina social um olhar pouco explorado pela historiografia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, M. C. P. Ensaio sobre o fabrico do assucar offerecido à sociedade d’agricultura, comercio e indústria da província da Bahia. Bahia: Typografia do Diário, 1834.

ANTONIL, A. J. Cultura e opulencia do Brasil, por suas drogas, e minas: com várias notícias curiosas do modo de fazer o assucar; plantar e beneficiar o tabaco, tirar ouro das minas, e descubrir as da prata, e dos grandes emolumentos, que esta conquista da America Meridional dá ao reino de Portugal com estes, e outros generos, e contratos reaes. Lisboa: Oficina Real Deslandesiana, 1711. DOI: https://doi.org/10.5962/bhl.title.50257

BLAKE, A. V. A. S. Diccionario bibliographico brazileiro. v. 6. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1900.

BURLAMAQUI, F. L. C. Monographia da canna d’assucar: quarto manual agrícola publicado por ordem da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional. Rio de Janeiro: Typographia de N. L. Vianna, 1862.

CANALES, J. Recording devices. In: LIGHTMAN, B. (ed.). A companion to the history of science. Chichester: John Wiley, 2016. p. 500-514. DOI: https://doi.org/10.1002/9781118620762.ch35

CARPENTIER, A. O Século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

CORBIN, A. Saberes e odores: o olfato e o imaginário nos séculos dezoito e dezenove. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.

DIAS, M. O. S. Aspectos da Ilustração no Brasil. In: DIAS, M. O. S. A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005. p. 39-126.

DOMINGUES, H. M. B. Ciência, um caso de política: as relações entre as ciências naturais e a agricultura no Brasil Império. Resgate: Revista Interdisciplinar de Cultura, Campinas, v. 6, n. 1, p. 121-126, 2006.

DORON, C. O. L’homme altéré: races et dégénérescence (XVII-XIX siècles). Ceyzérieu: Champ Vallon, 2016. DOI: https://doi.org/10.14375/NP.9791026700982

DUTRÔNE LA COUTURE, J. F. Précis sur la canne et sur les moyens d’en extraire le sel essentiel, suivi de plusiers mémoires sur le sucre, sur le vin de canne, sur d’indigo, sur les habitations & sur l’état actuel de Saint-Domingue. v.1. Paris: Duplain, 1790.

DUTRÔNE LA COUTURE, J. F. Compendio sobre a canna e sobre os meios de se lhe extrair o sal essencial, ao qual se ajuntão muitas memorias ao mesmo respeito, dedicado à colonia de S. Domingos. Lisboa: Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego, 1801.

FAIRBANKS, G. E. Observações sobre o commercio do assucar, o estado presente desta industria, em varios paizes, acompanhadas de instrucções praticas sobre a cultura da canna e fabrico dos seus productos. Bahia: Typographia do C. Mercantil de R. Lessa, 1847.

FOUCAULT, M. A microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

HANNAWAY, C. Environment and miasmata. In: BYNUN, W. F.; PORTER, R. (ed.). Companion encyclopedia of the history of medicine. New York: Routledge, 1993. p. 292-307.

KODAMA, K. Os debates pelo fim do tráfico no periódico “O Philantropo” (1848-1852) e a formação do povo: doenças, raça e escravidão. Revista Brasileira de História, v. 28, n. 56, p. 407-430, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-01882008000200007

KODAMA, K. Antiescravismo e epidemia: o tráfico dos negros considerado como a causa da febre amarela. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 16, n. 2, p. 515-522, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-59702009000200014

KURY, L. Descrever a pátria, difundir o saber. In: KURY, L. (org.) Iluminismo e Império no Brasil: O Patriota (1813-1814). Rio de Janeiro: Fiocruz; Fundação Biblioteca Nacional, 2007. p. 141-178. DOI: https://doi.org/10.7476/9788575416037.006

KURY, L. O naturalista Veloso. Revista História, n. 172, p. 243-277, 2015. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/98752. Acesso em: 22 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2015.98752

LANJOUW, J.; STAFLEU, F.A. Index Herbariorum Part II: Collectors. International Bureau for Plant Taxonomy and Nomenclature of the International Association for Plant Taxonomy. Utrecht, 1954.

MARQUESE, R. B. Inovações técnicas e atitudes intelectuais na literatura açucareira francesa e luso-brasileira da primeira metade do século XVIII. Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material, v. 5, n. 1, p. 131-161, 1997. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-47141997000100004

MARQUESE, R. B. Açúcar, representação visual e poder: a iconografia sobre a produção caribenha de açúcar nos séculos XVII e XVIII. Revista USP, n. 55, p. 152-184, 2002. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i55p152-185

MCCLELLAN, J. E.; REGOURD, F. The colonial machine: French science and colonization in the Ancien Regime. Osiris, v. 15, p. 31-50, 2000. DOI: https://doi.org/10.1086/649317

MELLO, M. J. S. Novo methodo de fazer o açúcar ou reforma geral econômica, dos engenhos do Brazil. Salvador: Typographia de Manoel Antonio da Silva Serva, 1816.

MINTZ, S. W. Sweetness and power: the place of sugar in modern history. New York: Penguin, 1986.

PARRON, T. P. A política da escravidão na era da liberdade: Estados Unidos, Brasil e Cuba, 1787-1846. Tese (Doutorado em História) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.

PENTEADO, D. F. M. “O Auxiliador da Indústria Nacional”: um periódico a serviço do Estado brasileiro (1833-1896). Revista Trilhas da História, Três Lagoas, v. 8, n. 15, p. 126-142, 2018.

PEREIRA, J. C. M. S. A América devora os pretos: teses médicas, manuais de fazendeiros e grandes escravarias. In: PIMENTA, T. S.; GOMES, F. (org.). Escravidão, doenças e práticas de cura no Brasil. Rio de Janeiro: Outras Letras, 2016. p. 114-129.

PIMENTA, T. S.; GOMES, F.; KODAMA, K. Das enfermidades cativas: para uma história da saúde e das doenças do Brasil escravista. In: TEIXEIRA, L. A.; PIMENTA, T. S.; HOCHMAN, G. (org.). História da saúde no Brasil. São Paulo: Hucitec, 2018. p. 67-100.

RAJ, K. Conexões, cruzamentos, circulações: a passagem da cartografia britânica pela Índia, séculos XVII-XIX. Cultura: Revista de História e Teoria das Ideias, v. 24, p. 155-179, 2007. DOI: https://doi.org/10.4000/cultura.877

ROSENBERG, C. Introduction. Framing disease: illness, society, and history. In: Rosenberg, Charles; Golden, Janet (ed.). Framing disease: studies in cultural history. New Brunswick: Rutgers University Press. 1992. p. 13-26.

SCHEULT, A. S. V. Novo methodo de cozinhar o assucar. O Auxiliador da Indústria Nacional, n. 3, p. 65-71, 1834.

SCHWARTZ, S. B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.

SECORD, A. Corresponding interests: artisans and gentlemen in nineteenth-century natural history. The British Journal for the History of Science, v. 27, n. 4, p. 383-408, 1994. DOI: https://doi.org/10.1017/S0007087400032416

VELOSO, J. M. C. Estampa segunda do plano de reforma das moendas, e picadeiros dos engenhos de assucar, proposta por Jeronymo Vieira de Abreu, vizinho, e deputado da meza da inspecção do Rio de Janeiro. In: VELOSO, J. M. C. O Fazendeiro do Brazil [...]. Tomo I, Parte 1: da cultura das canas, e factura do açúcar. Lisboa: Oficina de Simão Tadeu Ferreira, 1798. p. 193.

VELOSO, J. M. C. O Fazendeiro do Brazil: criador, melhorado na economia dos generos já cultivados, e de outros, que se podem introduzir; e nas fábricas, que lhe são próprias, segundo o melhor, que se tem escrito a este assunto. Tomo I, Parte 2: da cultura das canas e fatura do açúcar. Lisboa: Oficina de Simão Tadeu Ferreira, 1799. DOI: https://doi.org/10.5962/bhl.title.51051

WEGNER, R. Livros do Arco do Cego no Brasil Colonial. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 11, supl., p. 131-140, 2004. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-59702004000400007

Downloads

Publicado

29-07-2023

Edição

Seção

Dossiês