Em gênero e em número

mulheres difusoras de mudança científica em um episódio da história do pensamento geográfico

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v16i2.873

Palavras-chave:

história da geografia , geografia quantitativa , geógrafas brasileiras , filosofia da ciência feminista

Resumo

A vertente quantitativa marcou uma ruptura paradigmática na geografia a partir dos anos 1960: definiu o empenho com um modelo de ciência mais racional e objetivo. No Brasil, uma década depois, foi notório o protagonismo de geógrafas no episódio de renovação metodológica. O artigo, a partir de historiografias e textos de época, caracteriza o envolvimento de brasileiras com a nova geografia e sugere que essa história local poderia ser interpretada à luz da epistemologia feminista. Para isso, recorre à amostra de textos da filósofa Sandra Harding; e, extraindo algumas de suas considerações, conclui que a epistemologia crítica pode explicar alguns dos aspectos da vertente quantitativa brasileira.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALMEIDA, R.S. de. A geografia e os geógrafos do IBGE no período de 1938-1998. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000.

BARCELOS, S.S. de M. A geografia urbana na “Revista Brasileira de Geografia” (1939-1995). Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

BARKER, G.; KITCHER, P. Philosophy of science: a new introduction. New York: Oxford University Press, 2014.

BROC, N. L’établissement de la géographie en France: diffusion, institutions, projets (1870- 1890). Annales de Géographie, Paris, n. 459, p. 545-568, 1974. DOI: https://doi.org/10.3406/geo.1974.18953

BURTON, I. The quantitative revolution and theoretical geography. The Canadian Geographer, v. 7, n. 4, p. 151-162, 1963. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1541-0064.1963.tb00796.x

CAMARGO, J.C.G.; REIS JR., D.F.C. Considerações a respeito da geografia neopositivista no Brasil. Geografia, Rio Claro, v. 29, n. 3, p. 355-382, 2004.

CHRISTOFOLETTI, A. As características da nova geografia. Geografia, Rio Claro, v. 1, n. 1, p. 3-33, 1976.

CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard Blücher, 1999.

COUTINHO, V. dos S. Representações (geo)gráficas e geografia quantitativa no Brasil: uma análise na “Revista Brasileira de Geografia” (1970-1978). Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2021.

DACEY, M. A framework for examination of theoretic viewpoints in geography. In: GALE, S.; OLSSON, G. (ed.). Philosophy in geography. Dordrecht: D. Reidel, 1979. p. 39-52. DOI: https://doi.org/10.1007/978-94-009-9394-5_3

DAVIDOVICH, F.R. Funções urbanas no Nordeste. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, p. 142-191, 1978.

DICKINSON, R.E. The markers of modern geography. Ludhiana: Lyall, 1973.

DIÉGUEZ-LUCENA, A. Filosofía de la ciencia. Madrid: Biblioteca Nueva, 2010.

DINIZ, J.A.F.; OLIVEIRA, L.H. O emprego de modelos na análise da distribuição da terra e das categorias dimensionais de estabelecimentos agrícolas no leste do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 33, n. 1, p. 123-140, 1971.

FAISSOL, S. A geografia na década de 80; os velhos dilemas e as novas soluções. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 49, n. 3, p. 7-37, 1987.

FAISSOL, S. A geografia quantitativa no Brasil: como foi e o que foi? Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 51, n. 4, p. 21-52, 1989.

GALVÃO, M.V.; FAISSOL, S. A revolução quantitativa na geografia e seus reflexos no Brasil. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 32, n. 4, p. 5-22, 1970.

GERARDI, L.H.O. Reunião da Comissão de Métodos Quantitativos da União Geográfica Internacional. Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, n. 1, p. 54-55, 1971a.

GERARDI, L.H.O. Um modelo matemático: sua concepção e modificações. Boletim de Geografia Teorética, Rio Claro, n. 2, p. 77-93, 1971b.

GERARDI, L.H.O. Entrevista com a professora Lúcia Helena de Oliveira Gerardi. Geosul, Florianópolis, v. 18, n. 36, p. 175-190, 2003.

GERARDI, L.H. de O; SILVA, B.-C.N. Quantificação em geografia. São Paulo: Difel, 1981.

HARDING, S. The science question in feminism. Ithaca: Cornell University Press, 1986.

HARDING, S. Conclusion: epistemological questions. In: HARDING, S. (ed). Feminism and methodology: social science issues. Bloomington: Indiana University Press, 1987. p. 181-190.

HARDING, S. Whose science? Whose knowledge?: thinking from women’s lives. Ithaca: Cornell University Press, 1991.

HARDING, S. Sciences from below: feminisms, postcolonialities, and modernities. Durham: Duke University Press, 2008. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822381181

JOHNSTON, R.J. Geografia e geógrafos: a geografia humana anglo-americana desde 1945. São Paulo: Difel, 1986.

KELLER, E.C. de S. Tipos de agricultura no Paraná: uma análise fatorial. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 32, n. 4, p. 41-86, 1970.

KITCHIN, R. Positivistic geographies and spatial science. In: AITKEN, S.; VALENTINE, G. (ed.). Approaches to human geography. London: Sage, 2006. p. 20-29. DOI: https://doi.org/10.4135/9781446215432.n2

LAMEGO, M. Práticas e representações da geografia quantitativa no Brasil: a formação de uma caricatura. Tese (Doutorado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.

LAMEGO, M. O IBGE e a geografia quantitativa brasileira: construindo um objeto imaginário. Terra Brasilis, n. 3, p. 1-32, 2014. DOI: https://doi.org/10.4000/terrabrasilis.1015

LAMEGO, M. “Genius loci”: duas versões da geografia quantitativa no Brasil. Terra Brasilis, n. 5, p. 1-14, 2015.

MESQUITA, O.V. O modelo de von Thünen: uma discussão. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 40, n. 2, p. 60-83, 1978.

MESQUITA, O.V. A intensidade da agricultura na temática do desenvolvimento rural. Geografia, Rio Claro, v. 4, n. 7, p. 26-44, 1979.

OLIVEIRA, L. de. Entrevista com a professora Lívia de Oliveira. Geosul, Florianópolis, v. 22, n. 43, p. 215-231, 2007.

OLIVEIRA, E.G. de; FIGUEIREDO, A.H. de; ALMEIDA, E.M.J.M. de; STRAUCH, L.M. de M.; NATAL, M.C.; FREDRICH, O.M.B. de L.; MAGNANINI, R.L. da C. A difusão vista através de um prisma: a geografia. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 40, n. 1, p. 83-110, 1978.

OLIVEIRA, M. de L. de. Métodos gráficos e matemáticos para localização de indústrias através de minimização de custos de transportes e adequação à realidade com introdução de novos fatores utilizando um método para avaliação numérica de uma comunidade. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 38, n. 1, p. 3-82, 1976.

OLSSON, G. Trends in spatial model building: an overview. Geographical Analysis, v. 1, n. 3, p. 219-224, 1969. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1538-4632.1969.tb00619.x

ORR, M. Keeping it in the family: the extraordinary case of Cuvier’s daughters. In: BUREK, C.V.; HIGGS, B. (ed.). The role of women in the history of geology. London: The Geological Society, 2007. p. 277-286. DOI: https://doi.org/10.1144/SP281.17

POLTRONIERI, L.C. Concentração espacial dos produtos hortícolas no estado de São Paulo, 1970. Geografia, Rio Claro, v. 4, n. 7, p. 88-94, 1979.

PUMAIN, D.; ROBIC, M.-C. Le rôle des mathématiques dans une “revolution” théorique et quantitative: la géographie française depuis les années 1970. Revue d’Histoire des Sciences Humaines, Paris, v.1, n. 6, p. 123-144, 2002. DOI: https://doi.org/10.3917/rhsh.006.0123

RIBEIRO, L.; FORMADO, B.S.R. da S.; SCHIMIDT, S.; PASSOS, L. A saia justa da arqueologia brasileira: mulheres e feminismos em apuro bibliográfico. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 25, n. 3, p. 1093-1110, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n3p1093

ROCHA, G.R.; ROCHA, L.F. da S. Entre estudos pós-coloniais, feminismo e estudos de ciências: uma entrevista com Sandra Harding. Revista Brasileira de História da Ciência, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 289-300, 2021. DOI: https://doi.org/10.53727/rbhc.v14i2.464

SHEPPARD, E. Quantitative geography: representations, practices, and possibilities. Environment and Planning D: Society and Space, v. 19, n. 5, p. 535-554, 2001. DOI: https://doi.org/10.1068/d307

SMITH, N. Marxism and geography in the Anglophone world. Geographische Revue, v. 3, n. 2, p. 5-21, 2001.

STRAUCH, L.M. de M.; ALMEIDA, M.T.B. de. O conceito de mercado mínimo e sua aplicação no estudo das disparidades regionais. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro, v. 38, n. 4, p. 136-142, 1976.

VIVAS, M.C.; RABADAN, N.C. La mujer y la geografía universitaria española. Documents d’Anàlisi Geogràfica, Barcelona, n. 7, p. 103-140, 1985.

Downloads

Publicado

14-12-2023

Edição

Seção

Artigos