Um brinde, com cachaça, aos 200 anos de Independência do Brasil
dois modelos epistemológicos e suas implicações para a decolonialidade nos tempos atuais
DOI:
https://doi.org/10.53727/rbhc.v15i1.736Palavras-chave:
história social das ciências e das técnicas, modelos epistemológicos, interdiscursividade, implicações para o ensino de ciênciasResumo
Tomando como objeto de estudo as iniciativas de modernização da produção de açúcar e cachaça pela aristocracia na construção histórica do Brasil independente, as quais se pautavam na ciência ocidental moderna em contraposição ao método indiciário, analisamos documentos buscando evidenciar como os preceitos do Iluminismo orientaram essas iniciativas e como o uso de sinais se manteve em várias operações, mesmo em situações em que já existiam aparelhos precisos, como no caso do emprego da Prova de Holanda, que tem como correspondente atual o teste do ajofe. Em torno dessas práticas indiciárias há um campo de interdiscursividade e de interculturalidade criativa, com potencial para inspirar práticas educativas emancipatórias no campo do ensino de ciências, voltadas para uma compreensão ampliada das formas diversas de atividade racional e para a realização de ações sociopolíticas que valorizem a integração não hierárquica de saberes e promovam a decolonialidade, nas suas múltiplas dimensões.
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