De Mach ao ‘novo experimentalismo’: um resgate histórico-epistemológico de experimentos de pensamento

Anabel  Cardoso Raicik; Luiz O.Q. Peduzzi

doi:10.53727/rbhc.v14i2.153

Autores/as

Anabel Cardoso Raicik Universidade Federal de Santa Catarina https://orcid.org/0000-0001-6674-8466
Luiz O.Q. Peduzzi Universidade Federal de Santa Catarina https://orcid.org/0000-0002-1113-4704

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v14i2.153

Resumen

Experimentos de pensamento vêm sendo amplamente utilizados na história da ciência desde a Antiguidade. Contudo, somente por volta do século XIX eles passam a ser discutidos teoricamente, em termos de suas características e funcionalidades. Este artigo resgata estudos do físico e filósofo Ernst Mach, que acendem definitivamente as luzes sobre o potencial desses notáveis experimentos, considerações de Thomas Kuhn acerca desse conceito e a discussão do assunto a partir da menção a teses que surgem com o “novo experimentalismo”. Através de um exemplo desenvolvido por Albert Einstein em sua obra A teoria da relatividade especial e geral, reflete-se sobre essa temática e suas potencialidades para o ensino das ciências naturais, da física em particular.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ASIKAINEN, M. A.; HIRVONEN, P. E. Thought experiments in science and in science education. In: MATTHEWS, M. R. (ed.). International handbook of research in history, philosophy and science teaching. New York: Springer, 2014.

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980.

BROWN, J. R. Thought experiments since the Scientific Revolution. International Studies in the Philosophy of Science, v. 1, n. 1, p. 1-15, 1986.

BROWN, J. R. Thought experiments: a platonic account. In: HOROWITZ, T.; MASSEY, G. (ed.). Thought experiments in science and philosophy. Lanham: Rowman & Littlefield, 1991. p. 119-128.

BROWN, J. R. Why Experiments transcend empirism. In: HITCHCOCK, C. (ed.). Contemporary debates in philosophy of science. Hoboken: Blackwell, 2004. p. 23-43.

BROWN, J. R. What do we see in a thought experimente? In: FRAPPIER, M.; MEYNELL, L.; BROWN, J. R. (org.). Thought experiments in philosophy, science, and the arts. New York: Taylor & Francis, 2013. p. 53-68.

BROWN, J. R.; FEHIGE, Y. Thought experiments. The Stanford encyclopedia of philosophy, 2019. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/win2019/entries/thought-experiment/. Acesso em: jul. 2019.

BROWN, J. R.; MEYNELL, L. FRAPPIER, M. Introduction. In: FRAPPIER, M.; MEYNELL, L. BROWN, J. R. (orgs.). Thought experiments in philosophy, science, and the arts. New York: Taylor & Francis, 2013. p. 1-10.

BUTKOVIC, A. What is the function of thought experiments. Croatian Journal of Philosophy, v. 12, n. 19, p. 63-66, 2007.

BUZZONI, M. Pierre Duhem and Ernst Mach on thought experiments. HOPOS: The Journal of the International Society for the History of Philosophy of Science, v. 8, n. 1, p. 1-37, 2018.

DYCK, M. V. The roles of one thought experiment in interpreting quantum mechanics: Werner Heisenberg meets Thomas Kuhn. Philosophica, v. 72, n. 3, p. 79-103, 2003.

EINSTEIN, A. Zur Elektrodynamik bewegter Körper. Annals of Physics, v. 322, n. 10, p. 891-921, 1905.

EINSTEIN, A. Prefácio. In: BARNETT, L. O universo e o Dr. Einstein. São Paulo: Melhoramentos, 1964.

EINSTEIN, A. A teoria da relatividade especial e geral. Rio de Janeiro: Contraponto, 1999.

EINSTEIN, A. Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento. In: STACHEL, J. (org.). O ano miraculoso de Einstein: cinco artigos que mudaram a face da física. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2001.

FEHIGE, Y.; STUART, M. T. On the origins of the philosophy of thought experiments: the forerun. Perspectives on Science, v. 22, n. 2, p. 179-220, 2014.

FORGE, J. Thought experiments in the philosophy of physical science. In: HOROWITZ, T.; MASSEY, G. (ed.). Thought experiments in Science and philosophy. Lanham: Rowman & Littlefield, 1991, p. 209-222.

FRANKLIN, A. The neglect of experiment. New York: Cambridge University Press, 1986.

FRAPPIER, M.; MEYNELL, L.; BROWN, J. R. (orgs.). Thought experiments in philosophy, science, and the arts. New York: Taylor & Francis, 2013.

GARCIA, J. O. A imaginação como recurso heurístico na construção do conhecimento científico e algumas implicações para o ensino de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 36, n. 3, p. 660-674, 2019.

GENDLER, T. A. Thought experiment: on the powers and limits of imaginary cases. New York: Garland, 2000.

GOODING, D. C. What is experimental about thought experiments? The Philosophy of Science Association, v. 2, p. 280-290, 1992.

GOODING, D. C. Experiment. In: NEWTON-SMITH, W. H. (ed.). A companion to the philosophy of science. Hoboken: Blackwell, 2000. p. 117-126.

HACKING, I. Do thought experiments have a life of their own? Comments on James Brown, Nancy Nersessian and David Gooding. The Philosophy of Science Association, v. 2, p. 302-308, 1992.

HACKING, I. Representar e intervir: tópicos introdutórios de filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012.

HARRISON, E. A escuridão da noite: um enigma do universo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1995.

HELM, H.; GILBERT, J. Thought experiments and physics education – part 1. Physics Education, v. 20, p. 124-131, 1985.

HITCHCOCK, C. (ed.). Contemporary debates in philosophy of science. Hoboken: Blackwell, 2004.

HOLTON, G. J. Mach, Einstein, and the search for reality. In: HOLTON, G. J. Thematic origins of scientific thought: Kepler to Einstein. Cambridge: Harvard University Press, 1995. p. 237-277.

HOROWITZ, T.; MASSEY, G. Introduction. In: HOROWITZ, T.; MASSEY, G. (ed.). Thought experiments in science and philosophy. Lanham: Rowman & Littlefield, 1991. p. 1-28. Disponível em: http://www.tufts.edu/~skrimsky/PDF/On%20Thought%20Experiments.PDF.

JUSTI, R. Relações entre argumentação e modelagem no contexto da ciência e do ensino de ciências. Revista Ensaio, v. 17, n. especial, p. 31-48, 2015.

KIOURANIS, N. M. M.; SOUZA, A. R.; SANTIN FILHO, O. Experimentos mentais e suas potencialidades didáticas. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 32, n. 1, p. 1507.1-10, 2010.

KOYRÉ, A. Estudos de história do pensamento científico. Brasília: Editora da UnB, 1982.

KOYRÉ, A. Estudos galilaicos. Lisboa: Dom Quixote, 1986.

KUHN, T. S. Uma função para as experiências mentais. In: KUHN, T. S. A tensão essencial: estudos selecionados sobre tradição e mudança científica. São Paulo: Unesp, 2011.

KUJUNDZIC, N. Thought experiments: architecture and economy of thought. Journal of the British Society for Phenomenology, v. 26, n. 1, p. 86-93, 1995.

LATTERY, M. Thought experiments in physics education: a simple and practical example. Science & Education, v. 10, p. 485-492, 2001.

MACH, E. Popular scientific lectures. Chicago: The Open Court, 1895.

MACH, E. The history and root of the principle of the conservation of energy. Chicago: The Open Court, 1911.

MACH, E. On thought experiments. Translated and adopted by W. O. Price and Sheldon Krimsky. Tampa: University of South Florida, 1972.

MACH, E. Knowledge and error. Boston: D. Reidel, 1976.

MARTINS, R. A. Mayer e a conservação da energia. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, v. 6, p. 63-84, 1984.

MATTHEWS, M. R. Ernst Mach and thought experiments in science education. Research in Science Education, v. 18, p. 251-257, 1988.

MATTHEWS, M. R. Ernst Mach and contemporary science education reforms. International Journal of Science Education, v. 12, n. 3, p. 317-325, 1990.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011.

NORTON, J. Thought experiments in Einstein’s Work. In: HOROWITZ, T.; MASSEY, G. (ed.). Thought experiments in science and philosophy. Lanham: Rowman & Littlefield, 1991. p. 129-148.

NORTON, J. Why thought experiments do not transcend empiricism. In: HITCHCOCK, C. (ed.). Contemporary debates in philosophy of science. Hoboken: Blackwell, 2004. p. 44-66.

NORTON, J. Chasing the light: Einstein’s most famous thought experiment. In: FRAPPIER, M.; MEYNELL, L.; BROWN, J. R. (org.). Thought experiments in philosophy, science, and the arts. New York: Taylor & Francis, 2013. p. 123-140.

ORSTED, H. C. Selected scientific works of Hans Christian Orsted. Translated and edited by Karen Jelved, Andrew D. Jackson, and Ole Knudsen. New Jersey: Princeton University Press, 1997.

PEDUZZI, L. O. Q. Evolução dos conceitos da física. Florianópolis: UFSC/EAD/CED/CFM, 2011. Disponível em: https://evolucaodosconceitosdafisica.ufsc.br. Acesso em: jul. 2019.

PEDUZZI, L. O. Q. Força e movimento: de Thales a Galileu. Publicação interna. Florianópolis: Departamento de Física/Universidade Federal de Santa Catarina, 2015a (revisado em julho de 2019). 197 p. Disponível em: www.evolucaodosconceitosdafisica.ufsc.br. Acesso em: jul. 2019.

PEDUZZI, L. O. Q. A relatividade einsteiniana: uma abordagem conceitual e epistemológica. Publicação interna. Florianópolis: Departamento de Física/Universidade Federal de Santa Catarina, 2015b (revisado em julho de 2019). 259 p. Disponível em: www.evolucaodosconceitosdafisica.ufsc.br. Acesso em: jul. 2019.

PEDUZZI, L. O. Q.; RAICIK, A. C. Sobre a natureza da ciência: asserções comentadas para uma articulação com a história da ciência. Investigações em Ensino de Ciências, v. 25, n. 2, p. 19-55, 2020.

PRICE; W. O.; KRIMSKY, S. Translator’s introduction. In: MACH, E. On thought experiments,1972. p. 449-450.

RAICIK, A. C.; GONÇALVES, F. P. (Re)Pensando Thomas Kuhn: reflexões sobre mal-entendidos da “Estrutura” e suas implicações para o ensino de ciências. Revista de Estudios y Experiencias en Educación, [No prelo].

RAICIK, A. C.; PEDUZZI, L. O.; ANGOTTI, J. A. P. Experimentos exploratórios e experientia literata: (re)pensando a experimentação. Investigações em Ensino de Ciências, v. 23, n. 1, 2018.

REINER, M.; BURKO, L. M. On the limitations of Thought experiments in physics and the consequences for physics education. Science & Education, v. 12, p. 365-385, 2003.

RON, J. M. S. El origen y desarrollo de la relatividad. Madrid: Alianza Universidad, 1985.

ROUSE, J. Kuhn and scientific practices. Configurations, v. 6, n. 1, p. 33-50, 1998.

SAMPAIO, G. M.; GOMES, E. F. Experimentos de pensamento: uma proposta adjunta ao estudo e compreensão de conceitos físicos não experimentáveis em ambientes educacionais. Ensino, Saúde e Ambiente, v. 9, n. 2, p. 1-11, 2016.

SORENSEN, R. A. Thought experiments. American Scientist, v. 79, n. 3, p. 250-263, 1991.

SORENSEN, R. A. Thought experiments and the epistemology of laws. Canadian Journal of Philosophy, v. 22, n. 1, p. 15-44, 1992.

SORENSEN, R. A. Thought experiments. New York: Oxford University Press, 1998.

STEINLE, F. Experiments in history and philosophy of science. Perspectives on Science, v. 10, n. 4, 408-432, 2002.

STEPHENS, A. L.; CLEMENT, J. J. The role of thought experiments in science and science learning. In: FRASER, B. J. et al. (eds.). Second International Handbook of Science Education. New York: Springer, 2012.

STÖLTZNER, M. The dynamics of thought experiments: a comment on David Atkinson. In: GALAVOTTI, M. C. Observation and experiment in the natural and social sciences. Dordrecht: Springer, 2003. p. 243-258.

TEIXEIRA, E. S.; NETO, C. P. S.; FREIRE JÚNIOR, O.; GRECA, I. M. A construção de uma argumentação sobre a síntese newtoniana a partir de atividades em grupos. Investigações em Ensino de Ciências, v. 15, n. 1, p. 61-95, 2010.

VIDEIRA, A. A. P. O naturalismo como atitude: Mach em disputa com a metafísica. Principia, v. 13, n. 3, p. 371-84, 2009.