O contextualismo na história da teoria evolutiva ao longo do século XX
uma entrevista com Betty Smocovitis
DOI:
https://doi.org/10.53727/rbhc.v15i2.797Palavras-chave:
História da Biologia, Teoria Sintética da Evolução, Nova Síntese, Historiografia da Ciência, ContextualismoResumo
Em 1996, a historiadora da biologia norte-americana Vassiliki Betty Smocovitis publicou um livro de leitura obrigatória para se conhecer a história da biologia do século XX: Unifying biology: the evolutionary synthesis and evolutionary biology. Embora o subtítulo indique o recorte do evento histórico das décadas de 1930 e 1940, que levou à então chamada síntese moderna ou teoria sintética de evolução, o livro perpassa diversas subáreas das ciências biológicas, incluindo as que ficaram de fora da mencionada teoria. Também mais do que o já trivial relato dos feitos dos “arquitetos” da síntese, Smocovitis ofereceu uma interpretação historiograficamente nova. Em vez de ápice de um processo quase espontâneo, cumulativo e linear, a autora coloca a síntese como um “alvo móvel”, mas de longa data desejado, o da unificação da ciência, nutrido pelas “ciências positivas” do século XIX e definitivamente marcado pelo empirismo lógico das primeiras décadas do século XX. Após contextualizar o ponto de partida dos entrevistadores em meio à pandemia da covid-19 e sumarizar os assuntos acima referidos, o presente artigo traz entrevista realizada virtualmente com a autora em 17 de novembro de 2021. Além dos temas abordados, pudemos conhecer um pouco mais sobre como a autora concebeu a obra e como transcorreu o processo de escrita do seu Unifying biology. Interessou-nos especialmente que ela discorresse sobre o forte contextualismo que renovou a história das ciências nos anos 1990 e hoje passa, por vezes, ignorado dos jovens pesquisadores da área. Nosso interesse foi explorar como ela combinou seu profundo conhecimento da história da biologia e da sua historiografia com as novas tendências dos science studies. Outros tópicos acabaram trazidos à conversa, como o dos paradigmas teóricos subjacentes à história e filosofia da biologia, do estado atual da institucionalização da história das ciências nos EUA, dos entraves da popularização da ciência e do impacto dos governos autoritários na atividade acadêmica.
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