Onças, preguiças e grilos

o comportamento animal nas obras de Claude d’Abbeville e Yves d’Évreux

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v15i1.702

Palavras-chave:

Comportamento Animal, Natureza, França Equinocial

Resumo

O artigo pretende demonstrar o papel e os usos do comportamento animal nas relações de missão feitas pelos missionários franceses Claude d’Abbeville (15? -1632) e Yves d'Évreux (1570-1632), que atuaram na conversão dos indígenas tupinambá ao longo da experiência colonial intitulada França Equinocial, no Maranhão, entre 1612 e 1615. A análise reflete sobre a conexão entre as categorias de animal selvagem e animal doméstico, considerando suas associações com as ideias de monstruosidade do início da Época Moderna. Um dos aspectos importantes do artigo é o exame das aproximações e distanciamentos feitos pelos missionários aqui estudados entre animais e humanos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABREU, João Capistrano de. Capítulos de história colonial. Brasília: Editora UnB, 1963 [1907].

ADES, C. Do bicho que vive de ar, em diante: uma pequena história da etologia no Brasil. Boletim da Academia Paulista de Psicologia, v. 78, n. 1, p. 90-104, 2010.

ANCHIETA, J. Carta de São Vicente. São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 1997 [1560].

APROBATO FILHO, N. O couro e o aço: sob a mira do moderno, a “aventura” dos animais pelos “jardins” da Paulicéia, final do século XIX, início do XX. Tese (Doutorado em História) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

ARIZA, F. V; MARTINS, L. A.-C. P. A “scala naturæ” de Aristóteles no tratado “De generatione animalium”. Filosofia e História da Biologia, v. 5, n. 1, p. 21-34, 2010.

BARATAY, E. Le point de vue animal: une autre version de l’histoire. Paris: Éditions du Seuil, 2012.

BARATAY, E. L’eglise et l’animal: France, XVIIe-XXe siècle. Paris: Éditions du Seuil, 1996.

BRANDÃO, A. F. Diálogos das grandezas do Brasil. Brasília: Edições do Senado Federal, 2010.

CANGUILHEM, G. Knowledge of life. New York: Fordham University Press, 2008 [1965].

CHRISTIN, O. O desfecho das guerras de religião: a autonomização da razão política na metade do século XVI. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 14, p. 139-165, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-335220141406

D’ABBEVILLE, C. Histoire de la mission des peres capucins en l’isle de Maragnan & terres circonvoisines, où est traicté des singularitez admirables & des meurs merueilleuses des indiens habitants de ce pais avec les missiues et aduis qui ont este envoyez de nouveau. Par le R. P. Claude d’Abbeuille predicateur capucin. À Paris: Imprimerie de François Huby, 1614.

D’ABBEVILLE, C.; PARIS, A.; LANGLOYS, D. (ed.). Discours et congratulations à la France sur l'arrivée des Pères capucins en l’Inde nouvelle de l’Amérique méridionale, en la terre du Brésil. Paris: chez Denis Langloys, 1613.

DAHER, A. O Brasil francês: as singularidades da França Equinocial (1612-1615). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

DASTON, L. A economia moral da ciência. In: DASTON, L. Historicidade e objetividade. Trad. de Derley Menezes Alves e Francine Iegelski. São Paulo: LiberArs, 2017a. p. 37-51.

DASTON, L. Objetividade e imparcialidade: virtudes epistêmicas nas humanidades. In: DASTON, L. Historicidade e objetividade. Trad. de Derley Menezes Alves e Francine Iegelski. São Paulo: LiberArs, 2017b. p. 125-143.

DASTON, L.; GALISON, P. Truth-to nature. In: DASTON, L.; GALISON, P. Objectivity. New York: Zone Books, 2007.

DASTON, L.; PARK, K. Wonders and the order of nature (1150-1750). New York: Zone Books, 1998.

DAVIES, S. Renaissance ethnography and the invention of the human: new worlds, maps and monsters. New York: Cambridge University Press, 2016. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9781139568128

D’ÉVREUX, Y. Voyage dans le nord du Brésil fait durant les années 1613 et 1614 par le Père Yves d’Éyreux. Publié d’après l’exemplaire unique conservé à la Bibliothèque Impériale de Paris, 1864. Avec une introduction et des notes par Ferdinand Denis. Traduit par A. Franck e Albert Herold. À Paris: [s.n.], 1864 [1615].

DOMPNIER, B. Les missions des Capucins et leurs empreintes sur la Réforme catholique en France. Revue d’Histoire de l’Église de France, n. 184, p. 127-147, 1984. DOI: https://doi.org/10.3406/rhef.1984.3324

DUARTE, R. H. História e natureza. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

DUARTE, R. H. Pássaros e cientistas no Brasil: em busca de proteção. Latin American Research Review, v. 41, n. 1, p. 3-26, 2006. DOI: https://doi.org/10.1353/lar.2006.0006

DUARTE, R. H. Zoogeografia do Brasil: fronteiras nacionais, percursos panamericanos. Latin American Research Review, v. 49, n. 1, p. 68-83, 2014. DOI: https://doi.org/10.1353/lar.2014.0034

DUARTE, R. H. História dos animais no Brasil: tradições, historiografia e transformação. Historia Ambiental Latinoamericana y Caribeña (Halac), v. 9, n. 2, p. 16-44, 2019. DOI: https://doi.org/10.32991/2237-2717.2019v9i2.p16-44

DUARTE, R. H. Zoos in Latin America. In: BEEZLEY, William (ed.). The Oxford research encyclopedia of Latin American history. New York: Oxford University Press, 2017, p. 1-21.

FINDLEN, P. Possessing nature: museums, collecting, and scientific culture in Early Modern Italy. Berkeley: University of California Press, 1994.

FLECK, L. Gênese e desenvolvimento do fato científico. Trad. de Georg Otte e Mariana Camilo de Oliveira. Belo Horizonte: Fabrefactum, 2010 [1935].

FRANCO, J. L. de A. As representações da “Panthera onca” no Brasil. In: KURY, L. B. Representações da fauna no Brasil, séculos XVI-XIX. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, 2014.

FREITAS, I. A. de. Para pensar um Novo Mundo: a geografia dos jesuítas no Brasil. Mercator: Revista de Geografia da UFC, v. 2, n. 3, p. 31-44, 2003.

FOURNIVAL, R. Le bestiaire d’amour: par Richard Fournival, suivi de la Réponse de la dame. Paris: [s.n.], 1860.

FUDGE, E. A left-handed blow: writing the history of animals. In: ROTHFELS, N. (ed.). Representing animals. Bloomington: Indiana University Press, 2002. p. 3-18.

FUDGE, E. Renaissance animal things. In: LANDES, J. B.; LEE, P. Y.; YOUNGQUIST, P. (ed.). Gorgeous beasts: animal bodies in historical perspective. University Park: Pennsylvania State University Press, 2012. p. 41-56. DOI: https://doi.org/10.5325/j.ctt7v25w.7

GARCIA, G. G. Francisco de Assis e a comunhão das criaturas. Caminhos: Revista de Ciências da Religião, v. 12, n. 1, p. 125-142, 2014. DOI: https://doi.org/10.18224/cam.v12i1.3036

GEORGE, W. Animals and maps. Berkeley: University of California Press, 1969. DOI: https://doi.org/10.1525/9780520330320

GONÇALVES, R. Francisco de Assis: mestre dos animais, exemplo dos homens. Revista Territórios e Fronteiras, v. 9, n. 1, p. 53-67, 2016. DOI: https://doi.org/10.22228/rt-f.v9i1.561

HACKE, D.; MUSSELWHITE, P. Empire of the senses: sensory practices of colonialism in Early America. Leiden: Brill, 2017. DOI: https://doi.org/10.1163/9789004340640

HARRISON, P. The virtues of animals in seventeenth-century thought. Journal of the History of Ideas, v. 59, n. 3, p. 463-484, 1998. DOI: https://doi.org/10.1353/jhi.1998.0023

HOLANDA, S. B. de. Visão do paraíso. São Paulo: Brasiliense, 2000 [1959].

KAPPLER, C. Monstros, demônios e encantamentos no fim da Idade Média. Trad. de Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

KURY, L. B. Gaviões ardilosos, aves curiosas: o manuscrito de d. Lourenço de Potfliz (1752). In: KURY, L. B. (org). Representações da fauna no Brasil, séculos XVI-XIX. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio, 2014.

LAWRENCE, N. Making monsters. In: CURRY, H. A.; JARDINE, N.; SECORD, J. A.; SPARY, E. C. (eds.). Worlds of natural history. New York: Cambridge University Press, 2018.

LÉRY, J. de. Histoire d’un voyage fait en la terre du Bresil, autrement dite Amerique. [s.l.]: Antoine Chuppin, 1577.

LIMA, T. S. O dois e seu múltiplo: reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia tupi. Mana: Estudos de Antropologia Social, v. 2, n. 2, p. 21-47, 1996. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-93131996000200002

LISBOA, C. D. História dos animais e das árvores do Maranhão. Lisboa: Arquivo Histórico Ultramarino/Centro de Estudos Ultramarinos, 1967.

LOPES, G. “Anopheles gambiae” no Brasil: antecedentes para um “alastramento silencioso”, 1930-1932. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 26, n. 3, p. 823-839, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/s0104-59702019000300006

MACIEL, M. E. De enciclopédias e bestiários: lugares incomuns. Revista de Letras, Fortaleza, v. 1, n. 28, p. 52-56, 2006.

MARCGRAVE, G.; PISO, W. Historia naturalis Brasiliae [...] in qua non tantum plantae et animalia, sed et indigenarumm orbi, ingenia et mores describuntur et iconibus supra quinhentas illustrantur. Organizado por Joannes de Laet. Disponível em: http://biblio.wdfiles.com/local--files/marcgrave-1648. Acesso em: 15 set. 2021.

MARIZ, V.; PROVENÇAL, L. La Ravardière e a França Equinocial: os franceses no Maranhão, 1612-1615. Rio de Janeiro: Topbooks, 2007.

MORALES MUÑIZ, D. La fauna exótica em la Península Ibérica: apuntes para el estúdio del coleccionismo animal en el Medievo hispânico. Espacio, Tiempo y Forma, Serie III, Hª Medieval, t. 13, p. 233-270, 2000. DOI: https://doi.org/10.5944/etfiii.13.2000.5658

SILVA, V. M. da. Nascidas do sol e da chuva: Minas Gerais e o combate às saúvas. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

SILVA, V. M. da. O Brasil contra a saúva: considerações sobre a Campanha Nacional de 1935. Cadernos de Pesquisa do CDHIS-UFU, p. 563-580, 2010, p. 563-580.

OSTOS, N. S. C. de. União Internacional Protetora dos Animais de São Paulo: práticas, discursos e representações de uma entidade nas primeiras décadas do século XX. Revista Brasileira de História, v. 37 n. 1, p. 1-22, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-93472017v37n75-13

PARRISH, S. S. American curiosity: cultures of natural history in the Colonial British Atlantic World. Chapel Hill: University of North Carolina Press, 2006.

REBOLLO, R. A. O legado hipocrático e sua fortuna no período greco-romano: de Cós a Galeno. Scientiae Studia, v. 4, n. 1, p. 45-81, 2006.

RIBEIRO, M. E de B. Entre saberes e crenças: o mundo animal na Idade Média. História Revista, Goiânia, v. 18, n. 1, p. 135-149, 2013. DOI: https://doi.org/10.5216/hr.v18i1.29848

SÁ, D. M. de. A ciência como profissão: médicos, bacharéis e cientistas no Brasil (1895-1935). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2006. DOI: https://doi.org/10.7476/9788575413081

SHAPIN, S. The Scientific Revolution. Chicago: University of Chicago Press, 2018 [1996].

SILVA, M. F. S. Aristóteles. Partes dos animais. (Tradução). Lisboa: Imprensa Nacional; Casa da Moeda, 2010.

SMITH, P.; FINDLEN, P. (eds.). Merchants and marvels: commerce, science and art in Early Modern Europe. New York: Routledge, 2001.

SOARES, Luís Carlos. Do Novo Mundo ao universo heliocêntrico. São Paulo: Hucitec, 1998.

SOUSA, G. S. de. Tratado descritivo do Brasil em 1587. Rio de Janeiro: Typographia Universal de Laemmert, 1851 [1587].

SMITH, Pamela. Art, science and visual culture in Early Modern Europe. Isis, v. 97, n. 1, p. 83-100, 2006. DOI: https://doi.org/10.1086/501102

STADEN, H. Viagem ao Brasil. Trad. de Alberto Löfgren e Teodoro Sampaio. São Paulo: Tipografia da Casa Eclectica, 1900.

SWANSON, H. A.; LIEN, M.; WEEN, G. B. Introduction: naming the beast, exploring the otherwise. In: SWANSON, H. A.; LIEN, M.; WEEN, G. B. (eds.). Domestication gone wild: politics and practices of multispecies relations. Durham: Duke University Press, 2018. p. 1-30. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv11sn74f.4

TAVARES, L. F. de F. O Novo Mundo na França: discursos e poderes (c. 1530-c. 1630). Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014.

THEVET, A. Les singularitez de la France Antarctique autrement nommée Amérique, & de plusieurs terres et isles découvertes de notre temps. Paris: chez les heritiers de Maurice de La Porte, 1558.

THOMAS, K. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-1800). Trad. de João Roberto Martins Filho. São Paulo: Companhia de Bolso, 2010 [1983].

ZUANON, Á. C. A. Instinto, etologia e a teoria de Konrad Lorenz. Ciência & Educação, Bauru, v. 13, n. 3, p. 337-349, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S1516-73132007000300005

Downloads

Publicado

18-07-2022

Edição

Seção

Artigos