“Arqueologizando” zumbis

entre monstros caribenhos e criaturas científicas

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v18i1.1030

Palabras clave:

zumbis folclóricos, representação, discurso científico, entendimentos sobre ciências

Resumen

Esta pesquisa investiga a relação sociedade-ciência durante as primeiras representações dos zumbis, com o objetivo de evidenciar como essa relação incidiu na consolidação desses personagens por um viés agrícola/folclórico em detrimento de conceituações científicas. Ao realizar uma revisão da literatura com o aporte teórico e metodológico da arqueogenealogia foucaultiana, foi possível observar que os discursos científicos passaram por um processo de apagamento, pois em um primeiro momento, por estarem inseridos em um modelo de sociedade disciplinar, os discursos científicos foram utilizados como uma técnica de controle, que objetivou legitimar a demonização do vodu haitiano no imaginário ocidental. Contudo, devido às diferenças socioeconômicas e o forte impacto das chamadas “artes populares” sobre a camada social periférica estadunidense, o discurso científico deu lugar à fantasia, mediante uma episteme que determinou relações de poder. Essas relações, ao evidenciarem uma hegemonia étnica e econômica estadunidense, provocaram transformações na relação da sociedade com as ciências naturais, fazendo com que os zumbis fossem vistos apenas por um viés sobrenatural, evidenciando que a representação dos zumbis agrícolas não colocava em circulação novos sentidos sobre as ciências, mas apenas reforçava uma concepção sobre as ciências que já estava pré-estabelecida socialmente.

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Publicado

03-02-2025

Número

Sección

Artigos