Corpos negros femininos e infantis em produções científicas publicadas na “Gazeta Médica da Bahia”

Bárbara Barbosa dos Santos

doi:10.53727/rbhc.v15i2.740

Autores/as

Bárbara Barbosa dos Santos PPGHCS/Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz https://orcid.org/0000-0002-6080-9691

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v15i2.740

Palabras clave:

escravidão, ciência, medicina

Resumen

Neste texto lançaremos luz sobre quatro experiências de adoecimento em corpos negros, femininos e infantis, na segunda metade do século XIX. Estas vivências, de duas crianças e duas mulheres trabalhadoras, foram pinçadas de um significativo conjunto de casos que envolve escravizados e libertos, publicados no periódico médico Gazeta Médica da Bahia. Interessa sublinhar a presença dos corpos negros na prática da medicina acadêmica, no Nordeste imperial. Os casos que apresentamos trazem à baila cenários do cotidiano na escravidão e corroboram com a historiografia que aponta as relações entre a medicina acadêmica e a escravidão durante o Oitocentos.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

ANDRADE, M. J. de S. A mão de obra escrava em Salvador (1811-1860). São Paulo: Corrupio; Brasília: CNPq, 1988. p. 155-161.

BARICKMAN, B. J. Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão, 1780-1860. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

BARRETO, M.; PIMENTA, S. T. A saúde dos escravos na Bahia oitocentista através do Hospital da Santa Casa de Misericordia. Revista Territórios & Fronteiras, Cuiabá, v. 6, n. 2, p. 75-90, 2013. DOI: https://doi.org/10.22228/rt-f.v6i2.234

CALDAS, M. M. P. Talha perianal lateralizada praticada em um menino de sete anos incompletos, com feliz resultado. Gazeta Médica da Bahia, p. 76-79, 10 out. 1866. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pesq=menino&pagfis=82.

CHERNOVIZ, P. L. N. Dicionário de medicina popular. Paris: Casa do Autor, 1862.

EDLER, F. C. A Escola Tropicalista Baiana: um mito de origem da medicina tropical no Brasil. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 9, n. 2, p. 357-385, 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-59702002000200007

FEET, S. M. Working cures: healing, healthy and power on Southern slave plantation. Chapel Hill: UNC Press, 2002.

FERREIRA, E. M. Tumor branco do cotovelo direito, duas fistulas, raspagem, sequestrotomia, artrotomia, ígnea, cura e conservação dos movimentos. Gazeta Médica da Bahia, p. 512-516, 1888. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pesq=menino&pagfis=9191.

GOMES, F. dos S.; VIANA, I. da S. Senzalas e casebres sob sevícias: violência, feminicídios, médicos e corpos. In: BRITO, L. et al. (orgs.). Ventre livres? Gênero, maternidade e legislação. São Paulo: Editora Unesp, 2021.

LIMA, S. C. de S. O corpo escravo como objeto das práticas médicas no Rio de Janeiro (1830-1850). Tese (Doutorado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, Rio de Janeiro, 2011.

LIMA, S. F. J. Abcesso intrapelviano, ruptura pela vagina com eliminação de um resíduo solido hemático. Gazeta Médica da Bahia, p. 49-54, 1882. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pesq=menino&pagfis=5203.

LUNA, F. V.; KLEIN, H. S. Escravismo no Brasil. São Paulo: Edusp; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010.

MARQUESE, R. de B. Feitores do corpo, missionários da mente: senhores, letrados e o controle dos escravos nas Américas, 1660-1860. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

PATERSON, J. L. Abcesso do rim ocasionado por um cálculo retido no começo do ureter. Gazeta Médica da Bahia, p. 493-496, 1876. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=165646&pesq=menino&pagfis=1481.

PEARD, J. G. The Tropicalist School of Medicine of Bahia, Brazil, 1869-1889. New York: Columbia University Press, 1990.

PEREIRA, P. Discurso proferido pelo Sr. Dr. Luiz Anselmo da Fonseca. Gazeta Médica da Bahia, p.251, 1898.

PIMENTA, T. S.; GOMES, F. (org.). Escravidão, doenças e práticas de cura no Brasil. Rio de Janeiro: Outras Letras, 2016.

SAMPAIO, G. dos R. Decrépitos, anêmicos, tuberculosos: africanos na Santa Casa de Misericórdia da Bahia (1867-1872). Almanack, Guarulhos, n. 22, p. 207-249, ago. 2019. DOI: https://doi.org/10.1590/2236-463320192206

SANTOS, A. F. dos. Escola Tropicalista Baiana: registro de uma nova ciência na “Gazeta Médica da Bahia” (1866-1889). Dissertação (Mestrado em História da Ciência) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.

SCHWARTZ, S. B. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SHERIDAN, R. B. Doctors and slaves: a medical and demographic history of slavery in the British West Indies, 1680-1834. Cambridge: Cambridge University Press, 1985. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511759864

VERSIANI, F. R.; VERGOLINO, J. R. O. Posse de escravos e estrutura da riqueza no agreste e sertão de Pernambuco, 1777-1887. Estudos Econômicos, v. 33, n. 2, p. 353-393, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-41612003000200005

VIANA, I. da S.; GOMES, F.; PIMENTA, T. S. Doenças do trabalho: africanos, enfermidades e médicos nas “plantations”, Sudeste escravista (aproximações). Revista Mundos do Trabalho, Florianópolis, v. 12, p. 1-16, 2020. DOI: https://doi.org/10.5007/1984-9222.2020.e75202