Termales, medicinales, minerales, milagrosas

la investigación de las propiedades de las aguas de Caldas da Rainha en el Portugal del siglo XVIII

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.53727/rbhc.v17i1.996

Palabras clave:

Medicina, botica, aguas calientes, siglo XVIII

Resumen

Ocupando o duplo papel de veículo disseminador de males e de virtuoso ingrediente para a cura de doenças, as águas foram amplamente tematizadas pela bibliografia médica, cirúrgica e farmacêutica através do tempo. Em tratados, observações e avisos, as referências sobre os benefícios das águas ou os cuidados a se ter em sua identificação e uso se fizeram recorrentes. No Portugal do século XVIII, o escrutínio das propriedades de um “tipo” específico de água – aquele definido como termal, medicinal ou mineral – passa a ser feito, também, a partir das lentes da emergente ciência química, de modo que interpretações “mágicas” sobre sua composição são cada vez mais postas em xeque. Nessa esteira, um espaço específico do reino luso, nomeado justamente a partir de suas fontes e do benefício régio, as Caldas da Rainha, recebe especial atenção de uma série de letrados, dando corpo a uma significativa literatura sobre o tópico. Aqui, de modo a tornar esse rico conjunto sistematizado, apresento, além de um breve mapeamento e discussão dos principais contornos da temática, a edição anotada e ortograficamente atualizada de capítulos selecionados de um livreto, anônimo e pouco conhecido, que apesar de ter sido escrito por um empírico – ou, como se intitula, “um curioso” –, dialoga e confronta doutores, boticários e enfermeiros da época, o Observaçoens das agoas das Caldas da Rainha, de 1752.

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Recebido em janeiro de 2024

Aceito em março de 2024

Publicado

22-07-2024

Número

Sección

Dossiês