Um olhar estrangeiro sobre a “etnografia implícita” dos portugueses na Goa quinhentista
DOI:
https://doi.org/10.53727/rbhc.v4i2.334Palavras-chave:
Império português, conhecimento colonial, etnografia implícita, Jan Huygen van LinschotenResumo
Após trabalhar em Sevilha e Lisboa por alguns anos, o holandês Jan Huygen van Linschoten (c. 1563-1611) foi nomeado guarda-livros e secretário do recém-indicado arcebispo de Goa, o dominicano Vicente da Fonseca, em 1583. Ao retornar à Europa quase uma década depois, tendo vivido em Goa por mais de cinco anos, Linschoten começou a publicar relatos de viagem e instruções náuticas que encontraram extraordinário sucesso. Sua principal publicação, o Itinerario, foi editada em holandês por Cornelis Claesz em 1596 (com uma cópia avançada tendo sido entregue um ano antes à primeira frota holandesa que navegou para as Índias Orientais), e quase imediatamente traduzida para o inglês (1598) por sugestão de Richard Hakluyt, que recomendou o livro à Companhia das Índias Orientais da Inglaterra. Edições em latim, alemão e francês logo se seguiram. Sua extensa circulação e as valiosas instruções de navegação que continha fizeram dele um dos livros que mais propagaram o conhecimento sobre o Estado português da Índia pela Europa, tendo tido impacto direto sobre as empresas holandesas, britânicas, francesas e dinamarquesas rumo à Ásia. Além de um relato de viagem e compêndio da história natural indiana, o Itinerario também é uma longa meditação moral sobre os modos e atitudes dos portugueses em relação aos habitantes de Goa – sua “etnografia implícita” – e sobre sua falência em manter uma distância segura em relação a eles, o que representa uma avaliação negativa do próprio sistema de “conhecimento colonial” dos portugueses.
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